Era abril de 2006. Primavera em Roma. Flores nas sacadas, na escadaria de Trinità dei Monti e na Vila Borghese. Sol e céu azul. A temperatura na medida certa. Um friozinho bom que aconchegava. Decidimos fazer um passeio de carro pela região da Úmbria, no centro da Itália, única região italiana que não é banhada pelo mar, mas com muitos rios e o lago Trasimeno. Conhecida como “il cuore verde dell’Italia” (o coração verde da Itália), com campos de oliveiras, girassóis, uva, trigo, bosques, colinas e montanhas.
A primavera é a época ideal para visitar a Úmbria e se deslumbrar com uma natureza exuberante, passear pelas suas pequenas cidades medievais, experimentar o tartufo, ou a tartufata (bem mais em conta), os fungos, queijos, e tantos outros produtos típicos e genuínos, preparados artesanalmente.
Bem, voltando à viagem, pegamos a auto-estrada, mas após alguns quilômetros de congestionamento, resolvemos continuar a viagem por uma estrada secundária respirando o perfume das flores dos campos. Boa decisão. Primeira parada, uma visita rápida ao castelo Rocca Albornoz em Narni , no alto de uma colina, toda florida.
Continuamos em meio ao verde dominante em direção a Spoleto, cidadezinha medieval, sede do “Festival dei Due Mondi”, com eventos vários de música, dança, teatro, cinema e exposições de arte. Depois seguimos para Perugia, capital e cidade mais importante da região. Cidade antiga, rica de monumentos etruscos, medievais e renascentistas, sempre cheia de jovens, pois é também uma cidade universitária.
No outro dia fomos para Gubbio, local da festa popular “Ceri di Gubbio”, que remonta à Idade Média. Ali passeamos pelo encantador centro histórico e almoçamos em uma fazenda de agroturismo, onde tudo que está no cardápio é preparado com ingredientes produzidos ali mesmo na fazenda. Já voltando para Roma paramos um pouco em Todi e à noite chegamos em Roma.
Um fim de semana intenso, mas renovados pela tranqüilidade da Úmbria. Com um pouco mais de tempo poderia-se visitar outras cidades umbras, como a belíssima Assisi, cidade de São Francisco e de Santa Clara e tantas outras, cada uma com a sua história, o seu patrimônio artístico e cultural, seus castelos, suas igrejas e monastérios, porque a Úmbria também possui uma enorme vocação espiritual com a existência de várias comunidades religiosas, católicas, orientais e tudo isto imerso na natureza.
De volta ao Brasil, um ano depois, recebo pelo correio um livro escrito por Nádia Martins de Almeida, uma professora paulista que ensinou italiano aqui na Itália Amica algum tempo atrás. O título do livro é “Un raggio di Umbria” (Um raio de Úmbria). Fiquei surpresa e de certa forma lisonjeada quando no prefácio, li que Nádia escreveu este livro aqui, durante a sua estadia em Salvador, em momentos de saudades da Úmbria, terra onde ela viveu e vive hoje. No livro ela descreve, transportada pela saudade e pela ternura, momentos de vida de uma família camponesa de Assisi. São recordações de paisagens, personagens e episódios de uma típica vida no campo: a preparação do pão no forno a lenha, o abate do porco em janeiro, evento importante no calendário do campo, pois garante carne para todo o ano e tudo se aproveita do animal, a colheita de aspargos selvagens na primavera, a colheita manual e familiar das uvas em setembro e das olivas em novembro.
Nádia dedica-se à leitura e ao estudo da cultura popular umbra e este seu “Raio de Umbria” nos mostra um “facho de luz” desta região (como diz a própria Nádia) de gente simples, que vive em um equilíbrio harmonioso entre cidade e natureza com tudo de bom que cada uma tem a dar.
Nossa muito boa sua declaração fiquei com mais gana de conheçer a italia e sua cultura!
Muito Lindo as Paisagem e émuito interessante a história que tem cada lugar!!