Em todas as vezes que fui à Itália, ao ver os italianos elegantes e bem vestidos, sempre me senti meio fora de moda, com roupas inadequadas ao clima. 
Chegava sempre na primavera, quando as vitrines já estavam com as coleções de primavera-verão, mas as pessoas ainda estavam elegantemente vestidas de inverno. Aí é que estava o meu problema: as minhas roupas eram improvisadas e eu nunca conseguia colocar bem a echarpe, com aquelas amarrações bonitas. Quando a primavera ficava mais amena, as mulheres usavam as charmosas meias arrastão. Um dia, não resisti e comprei um par. Não tive coragem de comprá-las na cor preta. Escolhi o beige. Usei-as uma vez e gostei, mas voltando ao Brasil, elas naturalmente cairam na gaveta.
Chegava o verão e tudo melhorava. Finalmente sentia-me na moda. As italianas adoravam e elogiavam os meus biquines brasileiros.
Mas a moda italiana não é só beleza e elegância. É um dos setores mais fortes da economia do país.
Tudo começou em 1949, depois da 2ª Guerra Mundial, quando a Itália, finalmente livre, começou a reorganizar a sua economia. Os americanos começaram a filmar nos estúdios de Cinecittà, trazendo muito trabalho para as costureiras italianas, especialmente para as irmãs Fontana, que já costuravam para a aristocracia romana, mas também para os novos costureiros como Schubert, Velentino, Cappucci, dentre outros. Assim nasceram os ateliês em Roma e em Milão.
Em 27 de janeiro desse mesmo ano, o casamento dos atores hollywodianos Linda Christian e Tyrone Power, na Basílica de Santa Francesca em Roma, obteve grande publicidade no exterior e neste dia a moda italiana começou a conquistar o mundo. O vestido da noiva foi confeccionado pelo atelier das irmãs Fontana.
Em 25 de fevereiro de 1951 inicia realmente a História da Moda Italiana, com o desfile organizado pelo Conde Giorgini em Florença para um público internacional de compradores e para jornalistas especializados em moda. O evento foi um sucesso. A partir desse dia, a moda italiana entra no mercado internacional.
Os anos 60 trouxeram transformações na sociedade. Eram os anos de contestação e o conceito de moda também mudou trazendo um relançamento industrial com a confecção dos modelos em série, destinados a vestir elegantemente e a baixo preço as mulheres de várias partes do mundo. Assim se afirma internacionalmente o “Made in Italy”, quando o pólo de atração da moda passa a ser Milão, sem contudo tirar a importância de Roma e Florença que continuam ligadas ao mundo da moda, organizando anualmente vários eventos importantes e de nível internacional.
O prestígio da moda italiana é fruto de uma longa tradição, da qualidade, do estilo e da elegância dos seus produtos, como também do talento dos seus estilistas. Valentino, Armani, Versace, Dolce e Gabana, Prada, só para citar alguns dos mais famosos estilistas italianos.
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